Esta turma costuma refletir bastante!

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Como anda a dieta da alma?


Arroz, feijão, bife, ovo. Isso nós temos no prato, é a fonte de energia que nos faz levantar de manhã e sair para trabalhar. Nossa meta primeira é a sobrevivência do corpo. Mas como anda a dieta da alma?

Outro dia, no meio da tarde, senti uma fome me revirando por dentro. Uma fome que me deixou melancólica. Me dei conta de que estava indo pouco ao cinema, conversando pouco com as pessoas, e senti uma abstinência de viajar que me deixou até meio tonta. Minha geladeira, afortunadamente, está cheia, e ando até um pouco acima do meu peso ideal, mas me senti desnutrida. Você já se sentiu assim também, precisando se alimentar?

Revista, jornal, internet, isso tudo nos informa, nos situa no mundo, mas não sacia. A informação entra dentro da casa da gente em doses cavalares e nos encontra passivos, a gente apenas seleciona o que nos interessa e despreza o resto, e nem levantamos da cadeira neste processo. Para alimentar a alma, é obrigatório sair de casa. Sair à caça. Perseguir.

Se não há silêncio a sua volta, cace o silêncio onde ele se esconde, pegue uma estradinha de terra batida, visite um sítio, uma cachoeira, ou vá para a beira da praia, o litoral é bonito nesta época, tem uma luz diferente, o mar parece maior, há menos gente.

Cace o afeto, procure quem você gosta de verdade, tire férias de rancores e mágoas, abrace forte, sorria, permita que lhe cacem também.

Cace a liberdade que anda tão rara, liberdade de pensamento, de atitudes, vá ao encontro de tudo que não tem regras, patrulha, horários. Cace o amanhã, o novo, o que ainda não foi contaminado por críticas, modismos, conceitos, vá atrás do que é surpreendente, o que se expande na sua frente, o que lhe provoca prazer de olhar, sentir, sorver. Entre numa galeria de arte. Vá assistir a um filme de um diretor que não conhece. Olhe para sua cidade com olhos de estrangeiro, como se você fosse um turista. Abra portas. E páginas.

Arroz, feijão, bife, ovo. Isso me mantém de pé, mas não acaba com meu cansaço diante de uma vida que, se eu me descuido, torna-se repetitiva, monótona, entediante. Mas nada de descuido. Vou me entupir de calorias na alma. Há fartas sugestões no cardápio. Quero engordar no lugar certo. O ritmo dos dias é tão intenso que às vezes a gente esquece de se alimentar direito.

Martha Medeiros




domingo, 19 de fevereiro de 2012

Desejo de Felicidade

Gramado, RS

Todos nós temos um desejo teimoso de felicidade, mas esse desejo muitas vezes se frustra. Vem um sonho e logo ele desaparece, se apaga, aparece outro e.... nada. É claro que nossas experiências têm muito a ver com a felicidade. Algumas pessoas perdem a esperança, mas muitos de nós somos românticos inveterados e continuamos a sonhar nossos sonhos. Tendemos a pintar a realidade com expectativas coloridas, continuamos acreditando que o sexo e o amor representam a combinação de um cofre e que a única coisa que nos falta é descobrir o "segredo", a combinação certa.

Acontece que a vida é um processo, um lento processo de aprendizado. Viver é crescer e o crescimento acontece sempre devagar, não é como colocar uma moeda numa máquina de balas e instantaneamente obter o colorido chiclete da felicidade. Todo crescimento envolve esforço, algum tipo de alongamento. Pensamos: "se eu continuar me alongando vou chegar lá". Só que alongamento exige tempo e repetição. Nossos músculos se encolhem, se retraem. Normalmente não matamos os dragões dos nossos medos, das nossas inseguranças com um golpe de espada, por isso nos exercitamos diariamente.

Sabemos que as expectativas ajudam, mas, além delas, na vida existem desdobramento e desenvolvimento, repetição e transformação, há o produzido e ainda aquilo a ser produzido. No laboratório da vida o processo é lento, envolve ensaio e erro. Todos erramos, por isso muitos lápis já vêm com borracha.

Se nunca erramos e não aprendermos com nossos erros, nunca vamos descobrir nada. Tente aprender com os erros dos outros. Você não vai viver o bastante para cometer todos eles por si mesmo. Então, essa é a curva da estrada que não podemos perder. No nosso rendez-vous com o destino precisamos ir vendo e fazendo, lidando com os imprevistos, com os desencontros, com o perigo. Portanto, não adianta fingir que não existem abismos na estrada da vida. O importante é aprender a construir pontes sobre eles.

No entanto, esta é uma questão difícil. Muitas vezes nos cansamos de tentar e sermos corajosos. Todos sabemos que o amor lança pontes, tece ligações, mas todos temos medo do poder que o amor tem de criar e de destruir. Sabemos que ele pode mudar nosso mundo amanhã e tornar a transformá-lo depois. Entretanto, só se aprende tentando.

De repente acontece um duplo contato e daí surge um "amor tecido", quer dizer, um amor entrelaçado, trançado, mesclado, que não é propriamente uma obra a ser construída, mas, sobretudo, uma prática contínua, uma espécie de encadeamento. Esse é um amor que por sua vez gera e dá forma ao nosso sonho, ao nosso desejo de felicidade.

Maria Helena Matarazzo



segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Voltando no tempo


Fui criado com princípios morais comuns:
Quando eu era pequeno, mães, pais, professores, avós, tios, vizinhos, eram autoridades dignas de respeito e consideração. Quanto mais próximos ou mais velhos, mais afeto. Inimaginável responder de forma mal educada aos mais velhos, professores ou autoridades… Confiávamos nos adultos porque todos eram pais, mães ou familiares das crianças da nossa rua, do bairro, ou da cidade… Tínhamos medo apenas do escuro, dos sapos, dos filmes de terror…
Hoje me deu uma tristeza infinita por tudo aquilo que perdemos. Por tudo o que meus netos um dia enfrentarão. Pelo medo no olhar das crianças, dos jovens, dos velhos e dos adultos.
Direitos humanos para criminosos, deveres ilimitados para cidadãos honestos. Não levar vantagem em tudo significa ser idiota. Pagar dívidas em dia é ser tonto… Anistia para corruptos e sonegadores… O que aconteceu conosco? Professores maltratados nas salas de aula, comerciantes ameaçados por traficantes, grades em nossas janelas e portas. Que valores são esses? Automóveis que valem mais que abraços, filhas querendo uma cirurgia como presente por passar de ano. Celulares nas mochilas de crianças. O que vais querer em troca de um abraço? A diversão vale mais que um diploma. Uma tela gigante vale mais que uma boa conversa. Mais vale uma maquiagem que um sorvete. Mais vale parecer do que ser… Quando foi que tudo desapareceu ou se tornou ridículo?
Quero arrancar as grades da minha janela para poder tocar as flores! Quero me sentar na varanda e dormir com a porta aberta nas noites de verão! Quero a honestidade como motivo de orgulho. Quero a vergonha na cara e a solidariedade. Quero a retidão de caráter, a cara limpa e o olhar olho-no-olho. Quero a esperança, a alegria, a confiança! Quero calar a boca de quem diz: “temos que estar ao nível de…”, ao falar de uma pessoa. Abaixo o “TER”, viva o “SER”. E viva o retorno da verdadeira vida, simples como a chuva, limpa como um céu de primavera, leve como a brisa da manhã!
E definitivamente bela, como cada amanhecer. Quero ter de volta o meu mundo simples e comum. Onde existam amor, solidariedade e fraternidade como bases. Vamos voltar a ser “gente”. Construir um mundo melhor, mais justo, mais humano, onde as pessoas respeitem as pessoas. Utopia? Quem sabe?… Precisamos tentar… Quem sabe comecemos a caminhar transmitindo essa mensagem… Nossos filhos merecem e nossos netos certamente nos agradecerão!

Arnaldo Jabor



quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

A Lista



Faça uma lista de grandes amigos
Quem você mais via há dez anos atrás
Quantos você ainda vê todo dia
Quantos você já não encontra mais...

Faça uma lista dos sonhos que tinha
Quantos você desistiu de sonhar!
Quantos amores jurados pra sempre
Quantos você conseguiu preservar...

Onde você ainda se reconhece
Na foto passada ou no espelho de agora?
Hoje é do jeito que achou que seria
Quantos amigos você jogou fora?

Quantos mistérios que você sondava
Quantos você conseguiu entender?
Quantos segredos que você guardava
Hoje são bobos ninguém quer saber?

Quantas mentiras você condenava?
Quantas você teve que cometer?
Quantos defeitos sanados com o tempo
Eram o melhor que havia em você?

Quantas canções que você não cantava
Hoje assobia pra sobreviver?
Quantas pessoas que você amava
Hoje acredita que amam você?

Oswaldo Montenegro



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