Esta turma costuma refletir bastante!

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Educar ou...



FLÁVIO TAVARES*

A vida tem três estágios _ passado, presente e futuro _ e, se algum deles falha, tudo pode vir abaixo. Lembro-me disto em função da campanha que este jornal (Zero Hora) e outros meios de comunicação lançaram no Rio Grande e em Santa Catarina _ A Educação Precisa de Respostas. O lema obriga a indagar e a sonhar. Nunca é demais despertar para os sonhos e, neles, pensar e raciocinar para que o sonhado vire caminho para a realidade. Não há respostas, porém, sem debater e esmiuçar, concordar e discordar, opor opiniões, dissecar números. E, mais ainda, observar com isenção, sem preconceitos, para o novo não virar velho.
A ditadura da unanimidade, que ama o aplauso e odeia o debate, não tem resposta para nada. Menos ainda na educação, processo lento, iniciado ao nascer e que só se conclui na morte. Aprendemos sempre, em maior ou menor grau, até o suspiro final.
Sim, pois a educação não está apenas na sala de aula. A escola é o fundamento e, durante séculos, foi a educação em si. A "instrução" abarcava o mundo do saber. Mas o mundo era tímido. As viagens, lentas, em ferrovia ou barco. O telégrafo era a rapidez máxima. Não havia a ansiosa comunicação instantânea atual. Até a fala era comedida. Fora da escola, só as religiões formavam consciências. E sem exigir pagamento...

***

Este era o mundo de quando minha avó paterna, Malvina Hailliot, rebelou-se em Porto Alegre contra a palmatória na escola e a mandaram para o interior de Lajeado, "de castigo". Ou de quando, em Estrela, minha tia-avó materna, Idalina Porto, falava alemão para alfabetizar os alunos em português. Meio século após, em 1963, quando fui lecionar na Universidade de Brasília, o mundo começava a mudar.
Hoje, a educação entra casa adentro, em cores, pela TV. Em vez de ideias ou conceitos, traz sons estridentes, música sem melodia, gritaria por aberrações ou escândalos. Ensina a beber cerveja e refrigerante. Anárquica mas direta, suplanta a escola convencional.
Em palestras em universidades, pergunto sempre quem é o ministro da Educação. Chovem nomes e ninguém acerta! Todos riem quando digo que os "ministros" são o Sílvio Santos, a Xuxa, o Bial, o Faustão, a Gimenez, o Gugu e outros. E, além de todos, o Ratinho, que, ao ter voz, é mais grotesco que o brutal MMA de socos e pontapés.

***

A extravagância manda. Educa-se para o espetáculo grosseiro do gesto, fala ou ato. O absurdo da invencionice domina a internet e leva os jovens a propagar a mentira. Que poder tem a palavra do professor em aula, comparado ao ardor das futricas do Facebook e similares?
A resposta estará em levar o computador à escola fundamental para "competir" com a internet?? Só dotar o ensino de novas tecnologias não difere muito de entregar um automóvel a uma criança de oito anos. Ou de considerá-la apta para casar-se ou se iniciar sexualmente só por ter os órgãos genitais perfeitos e no lugar onde devem estar. O computador é um instrumento para quem sabe, não um fim em si. Primeiro, é preciso saber. Einstein não teve computador. Nem Steve Jobs ou Bill Gates, quando guris.
Ontem, hoje e amanhã _ educar ou perecer! Busquemos as respostas.

*Jornalista e escritor
Colunista do jornal Zero Hora



quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Você já beijou hoje?



Beijo que te quero mais!
Por Rosana Braga

Beijo deveria ser moeda de pedágio. Passar pela porta de casa seria proibido sem antes lascar um beijo na mãe, no pai, no irmão, no filho, no marido e, para quem gosta, até no cachorro!

Beijo deveria ser como bolinha de sabão. Num sopro, a gente poderia mandar alguns pelos ares, que explodiriam na pele de quem neles encostassem. E de repente, sem saber de onde veio, seríamos presenteados com um beijinho perdido pelas ruas da cidade...

Beijo deveria ser elemento químico. Constar na Tabela que a gente tem de decorar para a prova de química, no colégio. Assim, certamente seria mais interessante e ainda ensinaria qual a fórmula mágica deste estalo tão bom...

Beijo deveria caber num envelope, mesmo que fosse dos maiores, mas que pudéssemos enviá-lo pelo correio, para aquela pessoa que está tão longe e que daria qualquer coisa para sentir o gosto da boca de seu amado.

Beijo deveria acender luzes pelo corpo da gente. E quando a energia elétrica entrasse em pane, bastaria que demonstrássemos nosso amor pelas pessoas queridas e qualquer escuridão terminaria...

Beijo deveria estar disponível nas vitrines das melhores docerias. Poderia até ter preço especial, mas que pudessem pagar por ele aqueles que aparentemente menos merecessem, porque beijos são realmente transformadores e certamente provocariam reações sensacionais.

Mas beijo não é assim. É particular e a gente escolhe em quem quer dar. Porque beijo é um presente que precisa de vontade para ser oferecido. E talvez seja melhor que assim aconteça: não tão anônimo, não tão sem motivo, nunca forçado, ainda que possa ser pedido.

Por fim, é essencial que o beijo seja leve, fluido, sintonizado com a delicadeza própria de quem sabe dar. Na verdade, beijo é sempre dado. Receber é apenas contingência da mais gostosa e prazerosa troca entre duas pessoas que se desejam insanas por alguns instantes...

... posto que um beijo pode valer mais que a lucidez de uma vida inteira.





quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Seu apartamento é feliz?



Dia desses fui acompanhar uma amiga que estava procurando um apartamento para comprar. Ela selecionou cinco imóveis para visitar, todos ainda ocupados por seus donos, e pediu que eu fosse com ela dar uma olhada. Minha amiga, claro, estava interessada em avaliar o tamanho das peças, o estado de conservação do prédio, a orientação solar, a vizinhança. Já eu, que estava ali de graça, fiquei observando o jeito que as pessoas moram.

Li em algum lugar que há uma regra de decoração que merece ser obedecida: para onde quer que se olhe, deve haver algo que nos faça feliz. O referido é verdade e dou fé. Não existe um único objeto na minha casa que não me faça feliz, pelas mais variadas razões: ou porque esse objeto me lembra de uma viagem, ou porque foi um presente de uma pessoa bacana, ou porque está comigo desde muitos endereços atrás, ou porque me faz reviver o momento em que o comprei, ou simplesmente porque é algo divertido e descompromissado, sem qualquer função prática a não ser agradar aos olhos.

Essa regra não tem nada a ver com elitismo. Pessoas riquíssimas podem viver em palácios totalmente impessoais, aristocráticos e maçantes com suas torneiras de ouro, quadros soturnos que valem fortunas e enfeites arrematados em leilões. São locais classudos, sem dúvida, e que devem fazer seus monarcas felizes, mas eu não conseguiria morar num lugar em que eu não me sentisse à vontade para colocar os pés em cima da mesinha de centro.

A beleza de uma sala, de um quarto ou de uma cozinha não está no valor gasto para decorá-los, e sim na intenção do proprietário em dar a esses ambientes uma cara que traduza o espírito de quem ali vive. E é isso que me espantou nas várias visitas que fizemos: a total falta de espírito festivo daqueles moradores. Gente que se conforma em ter um sofá, duas poltronas, uma tevê e um arranjo medonho em cima da mesa, e não se fala mais nisso. Onde é que estão os objetos que os fazem felizes? Sei que a felicidade não exige isso, mas pra que ser tão franciscano? Um estímulo visual torna o ambiente mais vivo e aconchegante, e isso pode existir em cabanas no meio do mato e em casinhas de pescadores que, aliás, transpiram mais felicidade do que muito apê cinco estrelas. Mas grande parte das pessoas não está interessada em se informar e em investir na beleza das coisas simples. E quando tentam, erram feio, reproduzindo em suas casas aquele estilo showroom de megaloja que só vende móveis laqueados e forrados com produtos sintéticos, tudo metido a chique, o suprassumo da falta de gosto. Onde o toque da natureza? Madeira, plantas, flores, tecidos crus e, principalmente, onde o bom humor? Como ser feliz numa casa que se leva a sério?

Não me recrimine, estou apenas passando adiante o que li: pra onde quer que se olhe, é preciso alguma coisa que nos deixe feliz. Se você está na sua casa agora, consegue ter seu prazer despertado pelo que lhe cerca? Ou sua casa é um cativeiro com o conforto necessário e fim?

Minha amiga ainda não encontrou seu novo lar, mas segue procurando, só que agora está visitando, de preferência, imóveis já desabitados, vazios, onde ela possa avaliar não só o tamanho das peças, a orientação solar, o estado geral de conservação, mas também o potencial de alegria que os ex-moradores não souberam explorar.

Martha Medeiros



quinta-feira, 6 de setembro de 2012

A Internet e a Juventude


ANTÔNIO MESQUITA GALVÃO*

Há cerca de 20 anos, era moderno dizer que se tinha "endereço eletrônico" ou trocar essa informação com amigos, namoradas etc. Isto hoje, em face do progresso, é coisa superada, em face das inovações tecnológicas que a cada dia nos surpreendem com avanços antes impensáveis.
No Brasil, temos um ponderável número das chamadas "redes sociais", onde podemos destacar Orkut, Facebook, Twitter, Linkedin e outras. Em oposição aos problemas que essa exacerbação provoca, salienta-se a velocidade da circulação das notícias. O que vamos ler no jornal de amanhã ou assistir no telejornal da noite é possível tomar conhecimento online, quase na hora que ocorreu o fato. Correm as notícias, mas não raro fofocas, calúnias e informações distorcidas. Essa facilidade de comunicação ajuda, mas serve para disseminar racismo, pornografia, violência e outros crimes.
Antes eram os celulares. Quando surgiram, eram um xodó! Hoje, o que menos se usa é o telefone, pois a gama de ofertas tecnológicas (inclusive como máquina de fotografia digital) faz com que as pessoas, a partir de crianças de pouca idade, passem o dia inteiro com ele nas mãos, descobrindo coisas. Tive uma empregada que tinha dois aparelhos, com quatro chips e atendia em média umas 10 ligações por dia. Ela fazia faxina com uma mão e segurava o celular com a outra. O fato é que o celular e a internet se tornaram hoje um apêndice das pessoas, especialmente dos jovens. É raro quem não os tenha. É indiscutível que os celulares modernos, de última geração, são objetos de utilidade, mas em muitos casos se tornaram motivo de ostentação e estão virando uma paranoia.
Vi, em um consultório médico, enquanto a senhora fazia a ficha com a atendente, as duas filhas digitavam seus aparelhinhos, buscando aquela "comunicação com o mundo" que o fabricante apregoa. Quatro rapazes estavam na praia, sentados em suas cadeirinhas, com os celulares da mão, fones ao ouvido: davam mais atenção ao que passava na tela do que à paisagem e às meninas que desfilavam pela orla.
É comum ver, em lugares públicos, pessoas conectadas, através de celulares, laptops e tablets. Há dificuldades na comunicação com amigos e parentes, mas ela ocorre com os parceiros da web. Os professores têm dificuldade em fazer com que os jovens troquem seus celulares pelo conteúdo das matérias. Há pais que se queixam de que a garotada não abre mão dessa tecnologia nem na hora das refeições. No Brasil há 2,5 celulares por pessoa. Isso proporciona uma comunicação incrível com o mundo virtual.

*Filósofo e doutor em Teologia Moral



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