Nem imaginei que aquela topada que dei na quina da poltrona, ao me
levantar da cama, já era um prenúncio da sucessão de agruras que teria que
enfrentar naquele dia.
Sete e meia?? E eu aqui, ainda de pijama? Vamos fazer jus à nossa condição
feminina que, segundo confirmam reconhecidas pesquisas científicas, nos
permite fazer várias coisas ao mesmo tempo, sem detrimento da qualidade de
cada atividade desenvolvida. Então, mãos à obra: escovar os dentes, trocar de
roupa, dar comida para o cachorro, ligar para o escritório dando uma desculpa
esfarrapada. Tudo simultaneamente, o que não é nenhuma novidade. Melhor ir
de metrô porque, com chuva, de carro chego lá só amanhã. Apesar da pressa
não deixo de me incomodar com o lixo que as pessoas vão jogando pelo chão
e com os ambulantes que obstruem a passagem dos pedestres nas calçadas.
Vou resmungando impropérios, mastigando frases politicamente
incorretíssimas, que não repetiria em voz alta nem sob tortura. No metrô,
sonho em dar uma surra de vara de marmelo no sujeitinho que empurra uma
senhora de idade e ocupa o assento preferencial, colocando os pés no banco
ao lado. Todos olham e, como eu, se calam com medo do pivete. Quando
finalmente chego à estação onde pretendo descer, o celular toca. Pânico! Será
minha chefe neurótica ou meu subchefe recalcado? Aleluia! É meu namorado!
Coração batendo mais forte digo: Oi..., mas nem dá pra continuar porque, ato
contínuo, levo não um simples fora, mas um jab e um upper que me fazem
perder o chão. Assim, pelo telefone, sem aviso prévio ou explicações, depois
de tanto tempo de convivência. Não dá para acreditar, afinal ele parecia ser um
cara tão legal, tão amigo... Arrasada, me torturo implacável: “bobona,
incompetente, não notou que o cara estava mais para Henrique VIII do que
para Romeu?” Melhor engolir o choro e seguir adiante, senão, além do chão,
perco também o emprego. Nessas alturas, na melhor das hipóteses, fico com
as matérias preteridas. Tudo bem, nós todas preteridas! Entro no prédio
correndo, me atiro no elevador já lotado e com as portas quase fechadas.
Minha blusa descostura debaixo do braço com o esforço, mas estou a salvo! A
reunião transcorre sem sobressaltos, mesmo porque dela participamos eu e o
office-boy que teve de me esperar para levar alguns documentos assinados.
Saio do prédio vazia, ou melhor, murcha, sem ânimo para levantar os pés a
cada passo. Não tenho fome, nem frio, nem sede. Passo em frente a uma TV
que anuncia que meu candidato à presidência da república despenca alguns
pontos na pesquisa de intenções de voto. Desconsolada, penso que as
pessoas ainda vão jogar muito lixo pelas ruas, marmanjos vão agredir
velhinhos nas ruas e nos metrôs, muitas pessoas vão passar como um trator
por cima dos sentimentos das outras e, no nosso país, o voto de cabresto ainda
vai reinar soberano por muito tempo. Vou para casa, tomo um banho daqueles
que lavam e levam as mágoas e as indignações pelo ralo e, ao som do Eric
Clapton, tomo um Limoncello e ligo para as pessoas que me amam, aquelas
com selo de qualidade. Afinal, vez ou outra não somos de ferro.
Aneli Belluzzo Simões
Obrigada, Aneli pelo texto enviado!
Mil beijinhos, amiga!
levantar da cama, já era um prenúncio da sucessão de agruras que teria que
enfrentar naquele dia.
Sete e meia?? E eu aqui, ainda de pijama? Vamos fazer jus à nossa condição
feminina que, segundo confirmam reconhecidas pesquisas científicas, nos
permite fazer várias coisas ao mesmo tempo, sem detrimento da qualidade de
cada atividade desenvolvida. Então, mãos à obra: escovar os dentes, trocar de
roupa, dar comida para o cachorro, ligar para o escritório dando uma desculpa
esfarrapada. Tudo simultaneamente, o que não é nenhuma novidade. Melhor ir
de metrô porque, com chuva, de carro chego lá só amanhã. Apesar da pressa
não deixo de me incomodar com o lixo que as pessoas vão jogando pelo chão
e com os ambulantes que obstruem a passagem dos pedestres nas calçadas.
Vou resmungando impropérios, mastigando frases politicamente
incorretíssimas, que não repetiria em voz alta nem sob tortura. No metrô,
sonho em dar uma surra de vara de marmelo no sujeitinho que empurra uma
senhora de idade e ocupa o assento preferencial, colocando os pés no banco
ao lado. Todos olham e, como eu, se calam com medo do pivete. Quando
finalmente chego à estação onde pretendo descer, o celular toca. Pânico! Será
minha chefe neurótica ou meu subchefe recalcado? Aleluia! É meu namorado!
Coração batendo mais forte digo: Oi..., mas nem dá pra continuar porque, ato
contínuo, levo não um simples fora, mas um jab e um upper que me fazem
perder o chão. Assim, pelo telefone, sem aviso prévio ou explicações, depois
de tanto tempo de convivência. Não dá para acreditar, afinal ele parecia ser um
cara tão legal, tão amigo... Arrasada, me torturo implacável: “bobona,
incompetente, não notou que o cara estava mais para Henrique VIII do que
para Romeu?” Melhor engolir o choro e seguir adiante, senão, além do chão,
perco também o emprego. Nessas alturas, na melhor das hipóteses, fico com
as matérias preteridas. Tudo bem, nós todas preteridas! Entro no prédio
correndo, me atiro no elevador já lotado e com as portas quase fechadas.
Minha blusa descostura debaixo do braço com o esforço, mas estou a salvo! A
reunião transcorre sem sobressaltos, mesmo porque dela participamos eu e o
office-boy que teve de me esperar para levar alguns documentos assinados.
Saio do prédio vazia, ou melhor, murcha, sem ânimo para levantar os pés a
cada passo. Não tenho fome, nem frio, nem sede. Passo em frente a uma TV
que anuncia que meu candidato à presidência da república despenca alguns
pontos na pesquisa de intenções de voto. Desconsolada, penso que as
pessoas ainda vão jogar muito lixo pelas ruas, marmanjos vão agredir
velhinhos nas ruas e nos metrôs, muitas pessoas vão passar como um trator
por cima dos sentimentos das outras e, no nosso país, o voto de cabresto ainda
vai reinar soberano por muito tempo. Vou para casa, tomo um banho daqueles
que lavam e levam as mágoas e as indignações pelo ralo e, ao som do Eric
Clapton, tomo um Limoncello e ligo para as pessoas que me amam, aquelas
com selo de qualidade. Afinal, vez ou outra não somos de ferro.
Aneli Belluzzo Simões
Obrigada, Aneli pelo texto enviado!
Mil beijinhos, amiga!
16 comentários:
Realmente,há dias e Dias,como habitualmente digo!
Bom texto e bem escrito.
Beijo.
isa.
Lindo texto de Anelli e apesar de tido, terminou com um limoncello que é delicioso e adoro, bem geladinho...beijos,chica
Todos - homens e mulheres - estamos sujeitos a ter dias péssimos, talvez até, alguns estejam mais sujeitos que os outros.
Um abraço!
Bela mensagem!
Bom final de semana
=D
Sensacional texto. Isso é que eu chamo de um dia de cão. Acredito que todos nós já passamos por coisas parecida.
Beijos e um bfs
Muito legal este texto...retrata um pouco do que são alguns daqueles dias difíceis que vez ou outra atinge a todos...
Bom final de semana florzinha...beijinhos...
Valéria
Cada dia um dia diferente podemos fazer, paz.
Beijo Lisette
Há dias que realmente são daqueles... parece que tudo está contra nós, até nós mesmo, haja paciência...
Belíssimoo texto...
PAZ & BEM!!!
Há dias inesquecíveis e maravilhosos e outros q gostaríamos de deletar....
uffa! não somos mesmo! bom domingo ! obrigada pela graciosa visita morena!
Tem dias que acordamos com o pé esquerdo.. nem me lembre! rs.
Tenha um ótimo domingo, querida.. saudades. =)
Beijão.
Mais uma bela postagem, mais um delírio ler vc, seu post é sempre interessante, hoje por exemplo, está simplesmente d+++++, pra vc bjos, bjos e bjosssssssssssssss
Um texto e tanto da Aneli!Um dia de cão mesmo,coitada!Bjs,
Tem dias que dá vontade de largar tudo, paz.
Beijo Lisette
temos dias bons e ruins!
lindo texto.
bjos.
Sonia. Estive viajando e agora de volta ao seu blog. Um de cada vez, pois todos merecem atenção específica. Somos nós quem fazemos nossos dias. Eles serão bons ou ruins, dependendo do tempero que lhe damos. Beijos, amiga.
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