Esta turma costuma refletir bastante!

sexta-feira, 29 de abril de 2011

FISSURAS


A parede era robusta, aparentemente inabalável.
Suportava ventos fortes e chuva intensa há anos.
Fazia parte de uma grande fortaleza, a qual ninguém arriscava atacar porque parecia ser intransponível.
No entanto, na sua face sul, onde o sol raramente tocava havia uma irregularidade quase imperceptível.

Era o resultado da pressa em sua execução ou, quem sabe, do descuido de um dos executores da obra.
Agora, porém, isso pouco importava, afinal, aquela muralha estava erigida ali há tempos e os responsáveis por ela nem mais andavam sobre a terra.

No entanto, aquela imperfeição ao longo dos anos acabou servindo de depósito natural da água da chuva e dos detritos trazidos pelo vento.

Aos poucos a água foi se infiltrando no muro e trilhando um caminho próprio em busca de uma saída entre as rochas reunidas por espessa argamassa.
Com o passar do tempo, uma fissura surgiu onde antes havia apenas uma depressão quase invisível.

Essa fissura, alimentada pelas águas das chuvas e pelo limo que invadira a parede úmida e fria, foi se expandindo, até tornar-se uma assustadora rachadura.
Agora, era vista mesmo à distância, e parecia ameaçar a solidez daquela estrutura.

O tempo corria veloz sem que providência alguma fosse tomada.
A rachadura já corrompia a parte inferior do muro que, atingida pela umidade, deteriorava-se a olhos vistos.
Em uma noite fria, quando o temporal ruidoso e inclemente avançava sobre a praia próxima, a ventania atingiu a muralha com violência.

A muralha, que suportara tempos antes ventos ainda mais fortes, desta vez não resistiu.
Corrompida pela água, que durante anos deteriorou sua base e parte de seus materiais, a grande parede cedeu.
Tombou pesadamente como se estivesse cansada de resistir em vão.

Como um robusto carvalho se permite um dia tombar depois de tantos anos de majestade, também aquela murada, traída pela pequena fissura, entregou-se à ação do tempo.

Uma simples fissura, decorrente de uma imperfeição aparentemente insignificante, causou a queda do grande muro.

E hoje, os que passam ao lado das ruínas daquilo que um dia já foi uma imponente fortaleza, ignoram que a destruição daquele monumento grandioso iniciou-se com uma mera e banal rachadura.

Assim também são os vícios humanos.
Hábitos infelizes, considerados como atitudes corriqueiras e comuns na sociedade, podem corromper grandes mentes.

Hoje são apenas "fofoquinhas" a servir de passatempo aos desocupados.
Amanhã serão mentiras ardilosas a destruir lares e prejudicar vidas.

Hoje são apenas goles de bebidas alcoólicas para descontrair.
Amanhã serão drogas ainda mais pesadas a arruinar centros nervosos e lesionar profundamente os destinos.

Hoje são pequeninas barganhas para garantir que as crianças obedeçam.
Amanhã serão pesados subornos para realizar o que o dever já impunha desde muito.

Os vícios surgem como pequeninas fissuras na conduta humana.
Em um primeiro momento não despertam grandes receios e chegam, até, a ser ignorados pelos menos avisados.

No entanto, com o passar do tempo, vão se agigantando e invadindo o espaço que deveria ser da virtude.
Abalam estruturas que pareciam sólidas e destroem futuros venturosos.

Arrastam o ser para o lodaçal da culpa e do arrependimento, onde se encontram chafurdados os escombros das ilusões do ontem.

Equipe de Redação do Momento Espírita.


9 comentários:

Arnoldo Pimentel disse...

Muito bom o texto, parabéns.Feliz fim semana pra você, que as nuvens da paz possam povoar seu céu.Beijos

Sonhos De Deus disse...

Amiga querida ...Amei muito lindooo...
Que todos os dias quando você acordar...
receba dos Céus a bênção de ter
sempre por perto as pessoas que te amam...
Um final de semana com toda sorte de benção bjs!!!

Wanderley Elian Lima disse...

Olá Sônia
Devemos estarmos sempre vigilantes, pois uma coisa que a princípio é inofensiva, pode se tornar um vício trágico para toda uma família.
Bom fim de semana
Bjux

Luna disse...

como isso é verdadeiro, tantas pessoas começam por pequenos toques que se vão alargando ate serem completamente destruídos
bjs

Anônimo disse...

Sônia, um texto que nos traz grande verdade...

Paz e bem!!!

Anônimo disse...

Bom dia, amiga

Está no ar uma nova manhã
Um novo dia.

Para você,
Desejo todas as cores desta vida.
Todas as alegrias que puder sorrir.
Todas as músicas que puder te emocionar.

Deus te abençoa com Suas dádivas sem medida, com o bem mais duradouro,
pois considera sua vida o mais precioso tesouro.

Abraços
Miguel- blog Yehi Or

Maria José Rezende de Lacerda disse...

Adoro os textos do Redação do Momento Espírita. Soninha, vim lhe fazer um pedido: O ArcadoAutoConhecimento foi indicado para concorrer ao SELO BLOG DA SEMANA, em votação que se iniciou no dia 05/05 e ficará aberta até o dia 11/05/2011 no BLOG DO SUPER WILL. Se você quiser me presentear com seu voto, deve acessar o blog do Super Will, no endereço http://wwwwillblog.blogspot.com/. O Will é o idealizador do selo, tendo por objetivo homenagear e promover a confraternização blogueira através da troca de links, divulgação e experiências. Desde já, agradeço a gentileza e amizade.

Angel disse...

Uma grande verdade para quem acompanhou durante 13 anos gente desesperada e sem futuro, tentando fazer acreditar num possível amanhã...
É uma batalha onde a guerra nunca está ganha!

um anjo

Angel disse...

Uma grande verdade para quem acompanhou durante 13 anos gente desesperada e sem futuro, tentando fazer acreditar num possível amanhã...
É uma batalha onde a guerra nunca está ganha!

um anjo

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