O fato é que somos "forçados" a nos submeter a padrões sociais estabelecidos e sacramentados, que geram e cristalizam crenças e valores com o poder de nos fazer prisioneiros de "zonas de conforto" cada vez mais insatisfatórias.
Para muitos, é mais fácil viver amaldiçoando o "cativeiro" do que exercitar liberdade responsável. É mais cômodo assumir o papel de vítima do que reescrever o roteiro da própria história. Assim, a grande maioria prefere permanecer fiel a falidos padrões, mesmo que isso signifique um insano prolongamento de sofrimento, a escolher enfrentar os conflitos oriundos de uma construção existencial, alternativa, desvinculada e autônoma.
Não obstante os recorrentes argumentos sociais e religiosos objetivando glorificar e perpetuar o "sagrado matrimônio", o fato é que, segundo dados do Censo Demográfico de 2010, há cada vez menos gente dividindo o mesmo teto. A família tradicional, com pai, mãe e filhos, está cada vez mais rara no Brasil. A estimativa é que até 2016 chegue a 12 milhões de indivíduos morando sozinhos.
Diante das transformações, oportunidades e desafios da sociedade atual, a vida a dois, numa relação estável, torna-se cada vez mais difícil de ser suportada. Até bem pouco tempo, quem não se casasse estava predestinado a uma vida infeliz, além de tornar-se alvo de discriminação que atingia homens e mulheres. No caso das mulheres, a situação era ainda mais grave, pois lhes faltava possibilidade de auto-sustentação. Para a mulher, não casar e não ter filhos era, ainda, sinal de maldição. Em uma sociedade onde a maioria das pessoas permanecia casada por toda a vida, estes "desajustados" desgarrados eram vistos, em vários sentidos, como uma ameaça aos casais.
Atualmente, os que vivem sozinhos gozam de respeito social e são até alvos de inveja da maioria dos casados que, por temerem novas formas de viver, suportam o casamento que lhes restringe a liberdade e lhes impõe incontáveis sacrifícios. Não há dúvida, de que a qualidade de vida das pessoas solteiras atualmente é bem melhor do que a que observamos na maioria dos casados.
O casamento continua sendo uma insana busca de suprimento de carências pessoais. Transfere-se para o parceiro a responsabilidade de ser feliz em si mesmo. Busca-se o casamento, a união estável, crendo que as carências de aconchego, de segurança, de felicidade ou garantia contra a solidão podem ou devem ser supridas pelo outro. O que o casamento proporciona hoje, com raríssimas exceções, é um modo de vida repressivo e insatisfatório. Não são poucos a experienciar a mais amarga solidão: aquela que se tem na companhia de alguém.
Quanto aos filhos, as cidades não constituem ambientes saudáveis para a criação de filhos e nem deles os casais precisam, pois longe de trazer benefícios trazem ansiedade, preocupação, gastos e muitos aborrecimentos. Investe-se pesado na criação dos filhos para entregá-los prontos para o mercado do trabalho, sem qualquer esperança de retorno para os respectivos pais. Nem mesmo a garantia de serem dignamente cuidados pelos filhos na velhice existe.
O casamento pode ser interessante se aprendermos a dialogar com nossos sentimentos e pensamentos a ponto de desenvolver um conhecimento profundo de nós mesmos, o que nos leva a compreender o parceiro. Um casamento, uma união estável, uma vida em comum para ser satisfatória precisa ser buscada por prazer e não por necessidade. Os direitos de cada pessoa precisam estar garantidos: direito de independência financeira, de locomoção, de querer ficar só, direito de opinião, de ter outros anseios sexuais, de cultivar amigos em separado, direito de falar de si e direito de se calar.
Oliveira Fidelis Filho
4 comentários:
Muito interessante esta postagem, querida Sônia.
Já fui defensora convicta do casamento.Por isso me casei.
Hoje não o sou.É mt difícil a Vida a dois se as pessoas ñ se entendem,ñ
dialogam,ñ se respeitam.
Beijo.
isa.
Soninha,casamento é loteria,mas uma vez tendo jogado,precisamos nos acomodar aos gostos e jeitos um do outro para dar certo.Não tiro a razão de escritor,mas tb não acho o casamento uma instituição falida,ainda há muita gente que se ama e acredita no casamento!Bjs e meu carinho,
Sonia, a mulher de hoje é independente e os homens ainda são dominadores, não acordaram para a realidade. Dividir um teto não é ruim quando os dois entendem que são duas individualidades. Muita paz!
Bom dia, querida amiga Soninha.
É um prazer vê-la. Tenho estado um pouco sumida, mas não me esqueço nunca de você.
Desejo-lhe muita saúde, alegria e paz.
Tenha um lindo domingo cheio de luz.
Beijos.
Muito obrigada pelo carinho de sempre.
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