Esta turma costuma refletir bastante!

sábado, 13 de março de 2010

Do tempo da vergonha

Posted by Picasa
A gente costuma dar referências do "nosso tempo", como se o tempo não fosse hoje. Sou do tempo do tênis Conga, da Família Dó-Ré-Mi, da Farrah Fawcett, do Minuano Limão, e essa listagem alonga a estrada atrás de nós, faz parecer que a gente é de outro século. E somos.
Eu sou do tempo de tanta coisa, inclusive do tempo em que as pessoas sentiam vergonha. Você já deve ter reparado que vergonha caiu em desuso, a nova geração não deve nem saber do que se trata. Mas a tia aqui vai explicar.
Vergonha é o que você sente quando coloca em risco sua dignidade. Por exemplo, quando pegam você mentindo. Ou flagram você fazendo uma coisa que havia jurado não fazer. Às vezes a vergonha vem de atos corriqueiros, como um tropeção no meio de uma passarela ou uma gafe cometida num jantar. Isso não tem nada de grave, porém, se fez você sentir vergonha, sinal de que você planejava acertar, o que é bom.
Vergonha de ser apresentada a alguém? De falar em público? Também é bobagem, ninguém espera de nós perfeição. Isso é apenas timidez. Será que quem nasceu depois dos anos 80 sabe o que é timidez? Bom, timidez é um certo recato, é quando a pessoa não faz questão nenhuma de aparecer. Não ria, isso existe.
Mas voltando ao que nos trouxe aqui. Vergonha é o que você deveria sentir quando faz algo errado. É o que deveria sentir quando se desresponsabiliza pelo que está desmoronando à sua volta. Vergonha é quando você se habilita para uma tarefa importante e descobre que não tem competência para executá-la. Vergonha é o que se sente quando interferimos na vida dos outros de forma desastrosa. Vergonha é o que deveria nos impedir de praticar hábitos aparentemente inocentes, como chegar atrasado no teatro quando a peça já começou, e nos impedir de coisas bastante sérias, como roubar.
E há a vergonha sem culpa, a vergonha pelo que representamos coletivamente. Eu, ao menos, senti muita vergonha quando uma turista estrangeira, depois de ficar dois dias confinada num aeroporto brasileiro, sem conseguir embarcar, perguntou a um repórter o que significava o lema "ordem e progresso" na nossa bandeira.
Muitos políticos (pra citar uma classe trabalhadora aleatória) não possuem vergonha. Possuem contas no exterior, assessores de marketing, mas vergonha, nenhuma. Posam para fotografias ao lado daqueles cujas mãe já xingaram e aceitam apoio de adversários que já lhes puxaram o tapete. Quando se trata de fazer alianças, a política, de um modo geral, revela-se um bordel, e perdão se estou ofendendo as profissionais do ramo. É bem verdade que restam dois ou três que possuem a decência de dizer: prefiro não me eleger a jogar lixo nos meus princípios. Mas para se posicionar assim, é preciso ser do tempo da bala azedinha vendida em lata, do tempo do "Boa noite, John Boy", do tempo dos Novos Baianos, do tempo em que Páscoa significava ressurreição e do tempo em que existia vergonha, coisa que quase ninguém mais sente, poucos lembram o que é e ninguém se esforça para reavivar.

14 comentários:

chica disse...

Sonia essa nossa Martha é genial sempre!Adoro ler suas crônicas!beijos,chica

εїз ViViAn ★ Sbrussi /(",)\ disse...

Oieeee!

vim ver as novidades e te desejar um ótimo fds!
=D


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(\_(\
(-':'-)
(")_(") Miguinho(a)


As pessoas se assemelham muito a caixinhas de músicas...

Algumas têm muitos adornos, mas por dentro estão vazias..

Outras quase não têm adornos, mas, por dentro,

guardam delicadamente grandes tesouros..

Outras, quando as abrimos,

Mostram-nos um interior tão complicado

que nos perdemos entre seus labirintos...

E há aquelas que são tão transparentes

Que na primeira olhada já sabemos como vão atuar sempre...

Sempre me ocorreu que as pessoas são como caixinhas de músicas...

Que só as conhecemos e conseguimos amá-las ao ouvir sua música interior...

Porque essa música tem alguma coisa de mágica e reflete a beleza de sua alma.


(autor desconhecido)


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Unknown disse...

Sônia está tão perfeito esse texto que sinto vergonha de não poder acrescentar mais nada. Viu só esse gaúcho velho ainda sente vergonha rsrsrsrrs. Um abração minha amiga bom final de semana. Lembra:"vergonha é roubar e não poder carregar" ai os políticos inventaram as cuecas rsrrsrsrsr.

Nara disse...

Sônia,

eu sou do século passado. Eu tenho vergonha/sou timida!

Tem gente que não acredita, mas eu sou!

Eu sinto vergonha quando vejo casos terríveis de violencia, falta de respeito com o outro. Vergonha pelo outro.

Beijo,
Nara

Celina disse...

OI QUERIDA SOU TAMBEM DESTE TEMPO! OU MELHOR BEM ANTES DESTE TEMPO ONDE UM FIO DO BIGODE VALIA POR UMA ASSINATURA RSRSRS.
ESTIVE DE REPOUSO FIZ UMA PEQUENA CIRURGIA NO PÉ ESTOU DE VOLTA VISITANDO OS AMIGOS.
AGRADEÇO A VISITA E O AMAVEL COMENTARIO.
UM ABRAÇO CARINHOSO DA AMIGA CELINA.

Unknown disse...

Olá Sonia!!

Um lindo e abençoado Domingo!
Beijos meus M@ria

Anônimo disse...

Tempo q ñ volta mais e q me entristece muiiiiiito.
Hoje, se vc é sincera e tem escrúpulos enfrenta situações lamentáveis e se o mundo atual é dessa forma, prefiro acreditar no meu mundo do meu jeito.Sou feliz por ser honesta e nada vai mudar a minha forma de pensar eu me amo assim.E tenho dito.
Um beijo minha linda.
Sua postagem está linda demais.

Rosa Carioca disse...

Não vai faltar muito para se "ter vergonha de ser honesto"...

AFRICA EM POESIA disse...

Sonia
é a Evolução dos tempos... Subir depressa e sem olhar a meios.
Im,portaé chegar...não importa como
Beijos

Denise Campos disse...

Olá Sônia!Gosto muito da Martha Medeiros,inclusive estou lendo um livro da mesma.Eu sou deste tempo também,inclusive me deu uma vontade de comer aquela bala azedinha... Eu tenho sim vergonha de muitas coisas.Agora os nossos políticos não querem nem saber o que significa vergonha.Um beijo da Gauchinha.

Luna Sanchez disse...

Soninha,

Eu sinto vergonha e vergonha alheia. "Comofaz"? ¬¬

Beijo, beijo.

ℓυηα

Anônimo disse...

Soninha,genial esse texto!Vou mandar lá pra Brasilia!...rssss....Bjs,

chica disse...

Martha é perfeita! Triste tema!beijos,chica

M.M. disse...

Sônia,
Concordo com a Luna. Também sinto, as duas.
Temos salvação?!

Beijo

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